sábado, 9 de abril de 2011

Saúde do Professor vai mal




Especialistas afirmam que o atode ensinar possui características particulares, geradoras de estresse e de alterações do comportamento dos que nele trabalham. Estudos realizados em diversos países da América e da Europa têm demonstrado que os docentes estão permanentemente sujeitos a uma deterioração progressiva da sua saúde mental.
O estresse já é reconhecido por organismos internacionais como “enfermidade profissional”, cujos efeitos  atingem inclusive o ambiente escolar. É considerado pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) não somente como um fenômeno isolado mas, “um risco ocupacional significativo do magistério”.
Na atualidade, o papel do professor não é apenas o de transmitir conhecimento ao aluno. Enquanto educador, a extensão de seu trabalho ultrapassa os limites da sala de aula, a fim de garantir uma  articulação entre a escola e a comunidade. O professor, além de ensinar, tem também como tarefa participar de todo o processo educativo, desde a gestão até o planejamento escolar.
Entretanto, as atuais condições de trabalho, com baixa remuneração e falta de instrumentos e suportes técnicos adequados, têm levado os professores a aceitarem trabalhar em duas ou mais escolas  diferentes, por dois ou até três períodos e a buscar, então, por seus próprios meios, formas de  requalificação que se traduzem em aumento não reconhecido e não remunerado da jornada de trabalho. Na última década, o trabalho docente tornou-se, por demanda do sindicalismo, tema de vários estudos e de investigações, incentivando a formação de grupos e de redes de pesquisadores organizados para esse fim. As precárias condições do trabalho docente mostram-se associadas com os sintomas mórbidos e a elevada prevalência de afastamentos por motivos de doença na categoria.
Para a Dra. Maria Cristina Capo Bianco, psicóloga e coordenadora do programa Qualidade de Vida da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), as principais doenças que acometem os professores são: disfunções músculo-esqueléticas; bursite; epicondilite; LER/DORT; as relacionadas à voz; lombaRes e os transtornos mentais e de comportamento. “ O caminho para encontrar a melhoria na qualidade de vida tem que vir de dentro para fora. O conceito de bem-estar deve partir da própria pessoa. E isso se torna um agravante, pois verificamos nos docentes uma jornada de trabalho excessiva, muitas vezes,  ocupando os três turnos, gerando pouco tempo livre destinado ao lazer. O estresse torna-se então crônico, os professores ficam cada vez mais cansados, sem perspectivas de crescimento, irritam-se com facilidade. Sintomas próprios da Síndrome de Burnout”, avalia. O psicólogo, pesquisador da Fiocruz, Wanderley Codo, afirma que não há uma política de saúde do trabalhador definida para os professores. “É uma categoria acometida por diversas patologias que do ponto de vista da medicina do trabalho podem ser enquadradas como ocupacionais, em especial a laringite, mas entre os professores, ela não é tratada como doença ocupacional pela grande parte dos empregadores. Fica evidente que os professores são profissionais que têm no seu aparelho fonador um dos elementos fundamentais para o exercício de seu trabalho, por que então não enquadrar essa patologia?”, questiona o pesquisador.

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